O primeiro documento com um caso de emigração é uma certidão do ano de 1871; o nascimento de Aquilina Libonato não foi declarada pelo pai, como era a tradição, mas pela obstetra. O motìvo está escrito na mesma certidão: "o pai é residente na América ". Contamos cento e trinta casos como este, porém é possivel que a nota "pai ausente da cidade " pode ser um modo diferente para dizer emigrado.
Uma certidão de nascimento continha somente as informações essenciais da família, porém em alguns casos podemos imaginar o que estas pessoas passaram. Num registro de nascimento lemos que o pai faleceu no navio que o levava para o Rio da Plata; em outra, num dia próximo ao Natal, o menino não foi apresentado ao oficial do estado civil, como a lei prescrevia, porque nevava, e nenhum dos pais estava presente. A mãe estava presa à cama e o pai "nas Américas ". Poderia bem ser uma página de um romance!
A forma plural para indicar o continente e o fato de nunca ser escrito o nome do estado demonstram o escasso conhecimento das terras para onde as pessoas emigravam.

A propósito dos conhecimentos geográficos, o conselho municipal, alguns anos antes, havia deliberado uma compra muito curiosa, quase que uma previsão da futura presença de nossos cidadãos naquelas terras longínquas. Em 1856, sob o governo borbônico, "..Sua Majestade [o rei Ferdinando- pai da princesa Teresa Cristina, esposa de D. Pedro II]  encomenda a compra do livro do capitão Rodriguez: General Guia da navegação do Rio da Plata para o Perù " [capitão que levou Teresa Cristina até o Brasil e encontrar seu marido]. Dado que em outra parte deste site fizemos uma ironía sobre esta aquisição por parte de um pequeno município da Calábria e agora, refletindo sobre os milhares de italianos do sul que foram para as Américas, sobretudo para territórios do sudeste, fornecendo o trabalho necessário à numerosas fazendas presentes naquelas imensas terras, a compra deste livro e ainda de um segundo volume em de 1859, faz-nos pensar que sabia-se da necessidade de trabalhadores (o tráfico de escravos fora proibido alguns anos antes) em colônias portuguesas e espanholas, o que se tornou uma realidade com as primeiras emigrações sob o governo italiano.

Voltando aos registros, achamos um caso de falecimento durante uma travessia dà Cette para New York, que demonstra como as condições de viagem eram arriscadas. O passageiro Francesco Miciele, filho de Vincenzo, nascido e casado em San Marco, faleceu a bordo do navio "D'Amico", da marinha de Castellammare de Stabia, que transportava vinhos, por "... uma comoção cerebral causada por uma queda da cama ... Após vinte e quatro horas o corpo foi colocado no mar". A burocracia usa palavras amenas para descrever tragédias! Nós, que vivemos no sul da Itália, sabemos qual é a dor de não ter um túmulo onde chorar e podemos imaginar uma mãe cantando em choro: "figliu mia mangiatu di pisci (filho meu, comido pelos peixes)".

Nos anos oitenta do século XIX, muitas famílias foram para a América, sobretudo para o Brasil, entretanto, muitas delas mantinham a esperança de retornar à pátria e enviavam aos municípios as certidões de batismo dos filhos ali nascidos para serem registrados na Itália.
Sobrenomes e nomes, porém, eram frequentemente alterados nestes registros das paróquias, dado que a maioria das pessoas eram analfabetas e não podíam soletrar, escrever ou corrigir seus próprios nomes e assim... se tornavam ... outras pessoas! Nas certidões das paróquias achamos também os nomes dos padrinhos, sempre italianos, como italianos são os nomes dos esposos nas certidões de matrimônio, quase que uma garantia de uma recíproca esperança no retorno a Itália.
Quando o matrimônio era realizado no Brasil, não era reconhecido na Itália e assim sendo, marido e mulher ao voltarem para seu país, descobriam que não eram casados e se tivessem filhos, estes poderiam ser registrados apenas no nome do pai. Não é difícil imaginar o sentimento de uma mãe, estrangeira no Brasil e desconhecida em seu próprio país. Um novo matrimônio civil na Itália corrigia a situação: no documento era escrito que a mãe reconhecia seu filho nascido antes o matrimônio.

Isto é apenas uma introdução sobre a história dos emigrantes de San Marco; esperamos ampliar as informações com relatos de descendentes. Agradecemos a todas as pessoas que contribuiram para o incremento das páginas da família, e àquelas que enviaram informações, fotografias, e livros para este projeto. Um agradecimento particular à senhora Cynthia Savaglia de Camargo pela sua ajuda preciosa na tradução desta pagina. A todos enviamos nossos votos na esperança que possam conhecer a cidade que os seus antepasados deixaram há mais de um século.

Aqui esta uma lista de pessoas inscritas nos registros com uma nota de emigração e de pessoas nascidas em estados estrangeiros.