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Pagina do site "L'Ottocento dietro l'angolo"  (http://www.sanmarcoargentano.it/ottocento/index.htm) por Paolo Chiaselotti
 
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Se os homens das cavernas escreviam nas paredes
mostrando que eles existiram através dos hieróglifos,
quem somos nós para deixar de anotar em computadores
aqueles que nos antecederam.

F.R.M.N.
BENINO MAGNAVITA

por Pasquale Magnavita
 
Família Pasquale Magnavita Filho de Salvatore Magnavita e Maria Francesca Condino. Seus irmãos eram; Giovanni Magnavita (João) casado com Adelina Cesário; Ercole Magnavita (Herculano) casado com Maria do Rosário Itria depois com Lauretta Cilento; Martino Magnavita (Agostinho) casado com Adelina Storino; Alessandro Magnavita casado com Venera Perrota; Luigi Magnavita (Luis) casado com Filomena Perrota e Ernesto Magnavita (Hortencio) casado com Maria Thereza Madeira; as irmãs ficaram na Italia.
Tiveram os seguintes filhos: Luciano Magnavita casado com Hormina Cardoso Magnavita; Pasquale Magnavita casado com Vicenza Tosto Magnavita filha de Domenico Tosto e Rosa Domasco Tosto; Michele Magnavita casado com Laura Troccoli; Francesco Magnavita (Chichilo) casado com Maria Luigia Magnavita; Filomena Magnavita Storino casada com Salvador Storino (irmão de Adelina casada com Martino); Giuseppe Magnavita (Peppino) falecido aos 21 anos em 1926; Moises Magnavita casado com Assunta Magnavita (filha de Ercole) Em 1892 chegou Benino em Paola para buscar toda a família que havia ficado na Itália.
Em 9 de junho 1898 viajamos no vapor Lãs Palmas para Genova. No dia 11 de junho fizemos o respectivo transbordo para o vapor "Cidade di Genova" e rumamos para o Brasil. Uma particularidade que nunca esqueci foi o vexame da minha saudosa mãe, por ter meu pai ido a terra passear. Na hora do terceiro apito do vapor, o velho ainda não aparecia. Finalmente, a ultima hora ele chegou, quase no momento, em que o vapor ia desencostar.
A viagem correu muito boa. Eu vinha em terceira classe, mas a família, vinha em primeira. Como havia uma cabina de 8 camas passei também para a primeira, fazendo as refeições na cabina, em companhia de minha mãe que se sentia enjoada e não ia para a mesa. No mesmo vapor viajavam tia Letzia Iorio e sua mãe Santa Forlana que iam para São Paulo.No dia 19 de junho chegamos na ilha de São Vicente (Santos)e meu pai saltou para terra. Quando regressou trouxe uma certa quantidade de bananas, frutas que comi pela primeira vez e gostei.Durante a travessia, antes de chegar às costas do Brasil, tivemos o mar um tanto agitado que enjoou todos, menos o velho que parecia um lobo do mar. No domingo dia 26 de junho chegamos a Recife. Naquele tempo não havia porto e os passageiros que quisessem ir à terra deveriam descer em uma cesta para o saveiro. Nós como tínhamos desejo de conhecer a cidade e ao mesmo tempo descansar um pouco, resolvemos descer e almoçar em um restaurante que nos forneceu a celebre feijoada que comi e gostei. Depois de ter passeado bastante regressamos a bordo esperando a partida que não se fez esperar muito. Assim, à tardinha saímos do porto de Recife rumo a Bahia. Durante a travessia de Pernambuco viajavam em nossa companhia uma família triestina cujo chefe chamava-se Nicola Fera e um velho Domenico, que nos era sinal de respeito chamava-se "zio" Domenico. Nas discussões, os dois estavam sempre em antagonismo e às vezes se azedavam. No fim chegavam sempre a um acordo porque na verdade, ambos tinham razão. O Nicola encantava as maravilhas da Itália ao que se associava o velho Domenico. Este porem detestava o sistema tributário da Itália e tecia louvores as liberdades e tolerância do Brasil, onde vivia desde a mocidade.
Na terça-feira, 28 de junho e 1898 pela manhã chegamos a Bahia. Após as formalidades legais tomamos um saveiro rumo a terra, tendo saltado na escada da atual rua Miguel Calmon, em frente à rua Pinto Martins onde naquele tempo existia o Mercado de Santa Bárbara, precisamente, entre o prédio do Banco Econômico e o prédio da Companhia Aliança da Bahia. Encontramos no cais o Sr. Nicola de Felippi, patrício residente em Canavieiras que então usava barba. Daí nos dirigimos para o Hotel das Nações que era perto, Istoé, por cima do Mercado de Santa Bárbara. Esse Hotel que pertencia a um italiano foi onde nos instalamos até o dia da partida para Canavieiras.
Durante a estadia na Bahia passeamos muito e íamos fazer as refeições no Restaurante "Dois Mundos", situado por baixo da Associação Comercial, onde o velho parodiando um dito que se usava em Paola dizia-nos"vos coloqueis debaixo dos pés de São Caetano".
No dia 13 ou 14 de julho, viajamos para Canavieira no vapor da bahiana com o "comandante Antão" passando por Camamú e Maraú onde se via uma Usina com torre que servia para a refinaria de petróleo que estrangeiros gananciosos e inescrupulosos, pelo suborno, conseguiram fechar sob a afirmação de que a quantidade de petróleo era tão mesquinha que não valia a pena explorar. No dia imediato passamos por Ilhéus que naquele tempo era um lugar muito atrasado. Finalmente no dia 16 de Julho chegamos em Canavieiras onde nos esperavam os irmãos Peppino, Chichilo e Miguel, além de outros parentes. Saltando de bordo rumamos para a casa de morada situada bem perto do porto. Ao entrar na mesma a minha saudosa mãe ficou decepcionada em ver uma casa baixa de telha vã, semelhante às casas de campo de gente pobre na Itália. Achamos em casa um senhor negro, idoso, cozinheiro de nome Filipo, estranho para todos, mas que cozinhava bem e ao meio dia iniciamos o almoço com a assistência de alguns parentes.
família Benino Magnavita Sendo a casa relativamente pequena porque grande parte era a casa de negocio do meu saudoso pai, eu e o irmão Miguel íamos dormir na Rua do Porto em uma casa de negocio, gerenciada pelos irmãos mais velhos, Peppino e Chichilo. Depois de alguns dias passados em Canavieiras rumei para Belmonte em companhia do irmão Chichilo no dia de São Domingos, ou seja, 4 de agosto. No dia imediato abrimos uma casa de negocio num prédio alugado a D. Laurinda e Fortunatinho situado a Rua Coronel Jose Gomes, apelidada 7 de janeiro. Naquele tempo as ruas 7 de Janeiro e Camba, hoje Antonio Muniz eram verdadeiros covis de algazarra, por ser zona das raparigas da vida freqüentadas pelos piores beberrões da cidade quando esta vivia na opulência devido a alta do preço do cacau .Nos dias de sábado e domingo era um verdadeiro inferno com sambas, batucadas, bailes que quase sempre acabavam em barulho. Com tudo isso era a cidade modelo, residência das melhores. Famílias da terra entre as quais as do coronel Jose Gomes de Oliveira (Cassari), Major Antonio Maria de Melo (Pau Assu), Cel. Pedro Pereira de Amorim (Ventura) e seus irmãos Antonio, Dendê e Chiquinho. A família Conceição de cuja linha era tida como melhor expoente o Cel. Frontino Eunápio da Conceição, Cel Licinio de Almeida Brazão, Elpidio Camelyer, Demetrio Guerrieri e outras.
Apesar da política intricada havia sempre boas reuniões com bailes em casa do Cel. Jose Gomes, chefe político de grande prestigio e Intendente Municipal. Havia também muita jogatina devido à facilidade de dinheiro em conseqüência da alta do preço do cacau. Em vez de melhorar a posição financeira dos lavradores, piorou bastante. O uso e abuso que faziam do credito deixou muitos na miséria.
Tendo o irmão Chichilo seguido para a Capital, em companhia de meu pai a fim de fazer compras para as casas de negocio, fiquei em Belmonte onde passei o primeiro São João que foi um verdadeiro pandemônio com fogos busca-pés sendo preciso botar areia debaixo das portas para evitar incêndios. Sempre havia vários acidentes com mãos arrancadas etc. Nas festas religiosas depois da novena havia os celebres leilões que as vezes por caprichos dos contendores rendiam vários contos de réis. Era leiloeiro tradicional o velho abatedor Lino Guimarães. Havia também a política das filarmônicas. A 15 de setembro (maribondos) e Bonfim (Morcegos). Nós éramos partidários desta ultima porque dela fazia parte a conceituada família do Cel. Jose Gomes da qual sempre fomos íntimos continuando até hoje a consideração com os descendentes desta tradicional família da qual fazia parte um dos nossos maiores amigos o Dr. Wenceslau de Oliveira Guimarães casado com D.Rôla. Os negócios iam correndo bem a ponto de meu pai ir a Belmonte para abrir outro negocio. Uma loja (filial) a Praça 13 de maio pelos patrícios apelidada Praça Calábria, pois todos os nossos parentes Magnavita tinham negócios e residência na dita praça. Neste novo negocio as coisas não andaram bem pelo que meu pai resolveu acabar com a loja mandando as mercadorias para o Salto Grande divisa de Bahia e Minas Gerais. Ali os negócios correram mais ou menos bem até a liquidação, sendo que o saudoso Major Sabino Alexandrino Pinheiro, homem de bem e de grande prestigio político deu hospedagem aos irmãos Peppino e Miguel durante a estadia naquela localidade.
Luciano Magnavita e su mulher Hormina Os negócios da Matriz em Canavieiras e filial em Belmonte iam correndo bem. Em principio de Janeiro de 1900 chegou também o irmão Luciano (na foto com a mulher Hormina) que tinha ficado na Itália devido o serviço militar. Na volta de meus irmãos de Salto Grande, meu saudoso velho resolveu iniciar a compra de cacau em Belmonte sob a firma "Benino Magnavita &filhos" no mesmo lugar onde tivemos loja na Praça 13 de maio por conta da firma Brahem& Wildberg da qual era chefe o Sr.Hermano Brahem e gerente em Canavieiras da firma que tinha a Matriz em Canavieiras, entre os quais João Lopes da Cosa Pinho (conhecido como João Papagaio) português Carlos Muller, alemão e seu irmão Jorge, Capitão Casemiro Barreto, Abres Albino da Costa e outros cujos nomes não me recordo. Com o prematuro falecimento do Sr. Hemano Brahen, essa firma foi substituída pela firma Muller&Cia da qual vieram fazer parte mais tarde Carlito Muller irmão de Frederico Henrique Wuitrick e Jacob Scheneider, posteriormente meu amigo e compadre, padrinho de minha filha Olga.
No mês de agosto de 1908, preparava-me para ir em romaria a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda em Porto Seguro deixando meu pai em Canavieiras adoentado.Chegando a Belmonte e conversando com o amigo João Lopes este me falou que havia sabido da grave moléstia de meu pai (coração). O que não me conformei julgando haver um equivoco, pois o mesmo não tinha sintomas de moléstia do coração. Desfiz a viagem de Porto Seguro e regressei a Canavieiras de onde telegrafei e escrevi ao amigo Alfredo Ruas para me dizer algo sobre o assunto. O referido amigo havia apresentado meu pai ao ilustre clinico Dr. Castro Rabelo para consulta e respectivo tratamento. A resposta foi fatal e nestes termos: Diz Dr.Castro Rabelo, "moléstia seu pai, câncer no piloro, infelizmente impossível salvação". Diante desta resposta fiquei pasmado ante nada poder fazer. Meu desejo era levar o velho para a Itália. Já agora não havia outro jeito a não ser conformar com a vontade de Deus. Passamos uns dias em Canavieiras em companhia da velha e depois seguimos para Belmonte onde estavam nossos interesses. Ele faleceu neste mesmo ano de 1908.
Em 1915 na Itália contrai núpcias com D. Vicentina Tosto Magnavita filha de Domenico Tosto e Rosa Domasco que me tem sido uma companheira devotada e encorajadora. Do consorcio possuo os seguintes 12 filhos: Profa. Maria Luigia Magnavita Galeffi, catedrática da Universidade Federal da Bahia casada com o prof. Romano Galeffi; Bel. Arnaldo Magnavita, advogado no Rio de Janeiro casado com D. Christina Magnavita ; Prof. Flavio Magnavita docente da Faculdade de Filosofia; Prof.Italia Magnavita Schaun professora da Universidade Federal de Filosofia casada com o jornalista Raimundo Augusto Schaun; Profa. Olga Magnavita Batista Neves casada com o Prof. Jaoquim Batista Neves, catedrático da Faculdade de Filosofia; Licenciada Carmelina Magnavita Almeida, casada com o Dr. Luis Rodrigues Almeida Filho; Arquiteto Pasqualino Romano Magnavita professor da Escola de Arquitetura ; Engenho Agrônomo Armando Salvador Magnavita, casado com a Sra. Silvia Spinola Magnavita; Sr. Aloísio Décio Magnavita, casado com a Profa. Silvia Ramos Costa Magnavita, Engenheiro Agrônomo Francisco de Paula Magnavita casado com a Profa. Maria Jose Rebouças Magnavita; Veterinário Michele Magnavita casado com a cantora Letícia da Silva Magnavita; Engo. Jose Maria Magnavita casado com a Sra. Maria Muraro Magnavita. Possuo 24 netos.

Pasquale Magnavita
 
 Pasquale Magnavita

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