ERNESTO (Hortencio)
|
MARTINO P. F.
|
ALESSANDRO
|
ERCOLE (Herculano)
|
GIOVANNI (João)
|
LUIGI
|
árvore genéalogica
Se os homens das cavernas escreviam nas paredes
mostrando que eles existiram através dos hieróglifos,
quem somos nós para deixar de anotar em computadores
aqueles que nos antecederam.
F.R.M.N.
BENINO MAGNAVITA
por Pasquale Magnavita
Filho de Salvatore Magnavita e Maria Francesca Condino. Seus irmãos eram;
Giovanni Magnavita (João) casado com Adelina Cesário; Ercole Magnavita
(Herculano) casado com Maria do Rosário Itria depois com Lauretta Cilento;
Martino Magnavita (Agostinho) casado com Adelina
Storino; Alessandro Magnavita casado com Venera Perrota; Luigi Magnavita (Luis)
casado com Filomena Perrota e
Ernesto Magnavita (Hortencio)
casado com Maria Thereza Madeira; as irmãs ficaram na Italia.
Tiveram os seguintes filhos: Luciano Magnavita casado com Hormina Cardoso Magnavita;
Pasquale Magnavita casado com Vicenza
Tosto Magnavita
filha de Domenico Tosto e Rosa Domasco Tosto; Michele Magnavita casado com Laura
Troccoli; Francesco Magnavita (Chichilo) casado com Maria Luigia Magnavita; Filomena
Magnavita Storino casada com Salvador Storino (irmão de Adelina casada com
Martino); Giuseppe Magnavita (Peppino) falecido aos 21 anos em 1926; Moises Magnavita
casado com Assunta Magnavita (filha de Ercole) Em 1892 chegou Benino em Paola para
buscar toda a família que havia ficado na Itália.
Em 9 de junho 1898 viajamos no vapor Lãs Palmas para Genova. No dia 11 de
junho fizemos o respectivo transbordo para o vapor "Cidade di Genova"
e rumamos para o Brasil. Uma particularidade que nunca esqueci foi o vexame da minha
saudosa mãe, por ter meu pai ido a terra passear. Na hora do terceiro apito
do vapor, o velho ainda não aparecia. Finalmente, a ultima hora ele chegou,
quase no momento, em que o vapor ia desencostar.
A viagem correu muito boa. Eu vinha em terceira classe, mas a família, vinha
em primeira. Como havia uma cabina de 8 camas passei também para a primeira,
fazendo as refeições na cabina, em companhia de minha mãe que
se sentia enjoada e não ia para a mesa. No mesmo vapor viajavam tia Letzia
Iorio e sua mãe Santa Forlana que iam para São Paulo.No dia 19 de
junho chegamos na ilha de São Vicente (Santos)e meu pai saltou para terra.
Quando regressou trouxe uma certa quantidade de bananas, frutas que comi pela primeira
vez e gostei.Durante a travessia, antes de chegar às costas do Brasil, tivemos
o mar um tanto agitado que enjoou todos, menos o velho que parecia um lobo do mar.
No domingo dia 26 de junho chegamos a Recife. Naquele tempo não havia porto
e os passageiros que quisessem ir à terra deveriam descer em uma cesta para
o saveiro. Nós como tínhamos desejo de conhecer a cidade e ao mesmo
tempo descansar um pouco, resolvemos descer e almoçar em um restaurante que
nos forneceu a celebre feijoada que comi e gostei. Depois de ter passeado bastante
regressamos a bordo esperando a partida que não se fez esperar muito. Assim,
à tardinha saímos do porto de Recife rumo a Bahia. Durante a travessia
de Pernambuco viajavam em nossa companhia uma família triestina cujo chefe
chamava-se Nicola Fera e um velho Domenico, que nos era sinal de respeito chamava-se
"zio" Domenico. Nas discussões, os dois estavam sempre em antagonismo
e às vezes se azedavam. No fim chegavam sempre a um acordo porque na verdade,
ambos tinham razão. O Nicola encantava as maravilhas da Itália ao
que se associava o velho Domenico. Este porem detestava o sistema tributário
da Itália e tecia louvores as liberdades e tolerância do Brasil, onde
vivia desde a mocidade.
Na terça-feira, 28 de junho e 1898 pela manhã chegamos a Bahia. Após
as formalidades legais tomamos um saveiro rumo a terra, tendo saltado na escada
da atual rua Miguel Calmon, em frente à rua Pinto Martins onde naquele tempo
existia o Mercado de Santa Bárbara, precisamente, entre o prédio do
Banco Econômico e o prédio da Companhia Aliança da Bahia. Encontramos
no cais o Sr. Nicola de Felippi, patrício residente em Canavieiras que então
usava barba. Daí nos dirigimos para o Hotel das Nações que
era perto, Istoé, por cima do Mercado de Santa Bárbara. Esse Hotel
que pertencia a um italiano foi onde nos instalamos até o dia da partida
para Canavieiras.
Durante a estadia na Bahia passeamos muito e íamos fazer as refeições
no Restaurante "Dois Mundos", situado por baixo da Associação
Comercial, onde o velho parodiando um dito que se usava em Paola dizia-nos"vos
coloqueis debaixo dos pés de São Caetano".
No dia 13 ou 14 de julho, viajamos para Canavieira no vapor da bahiana com o "comandante
Antão" passando por Camamú e Maraú onde se via uma Usina
com torre que servia para a refinaria de petróleo que estrangeiros gananciosos
e inescrupulosos, pelo suborno, conseguiram fechar sob a afirmação
de que a quantidade de petróleo era tão mesquinha que não valia
a pena explorar. No dia imediato passamos por Ilhéus que naquele tempo era
um lugar muito atrasado. Finalmente no dia 16 de Julho chegamos em Canavieiras onde
nos esperavam os irmãos Peppino, Chichilo e Miguel, além de outros
parentes. Saltando de bordo rumamos para a casa de morada situada bem perto do porto.
Ao entrar na mesma a minha saudosa mãe ficou decepcionada em ver uma casa
baixa de telha vã, semelhante às casas de campo de gente pobre na
Itália. Achamos em casa um senhor negro, idoso, cozinheiro de nome Filipo,
estranho para todos, mas que cozinhava bem e ao meio dia iniciamos o almoço
com a assistência de alguns parentes.
Sendo a casa relativamente pequena porque grande parte era a casa de negocio do
meu saudoso pai, eu e o irmão Miguel íamos dormir na Rua do Porto
em uma casa de negocio, gerenciada pelos irmãos mais velhos, Peppino e Chichilo.
Depois de alguns dias passados em Canavieiras rumei para Belmonte em companhia do
irmão Chichilo no dia de São Domingos, ou seja, 4 de agosto. No dia
imediato abrimos uma casa de negocio num prédio alugado a D. Laurinda e Fortunatinho
situado a Rua Coronel Jose Gomes, apelidada 7 de janeiro. Naquele tempo as ruas
7 de Janeiro e Camba, hoje Antonio Muniz eram verdadeiros covis de algazarra, por
ser zona das raparigas da vida freqüentadas pelos piores beberrões da cidade
quando esta vivia na opulência devido a alta do preço do cacau .Nos
dias de sábado e domingo era um verdadeiro inferno com sambas, batucadas,
bailes que quase sempre acabavam em barulho. Com tudo isso era a cidade modelo,
residência das melhores. Famílias da terra entre as quais as do coronel
Jose Gomes de Oliveira (Cassari), Major Antonio Maria de Melo (Pau Assu), Cel. Pedro
Pereira de Amorim (Ventura) e seus irmãos Antonio, Dendê e Chiquinho.
A família Conceição de cuja linha era tida como melhor expoente
o Cel. Frontino Eunápio da Conceição, Cel Licinio de Almeida
Brazão, Elpidio Camelyer, Demetrio Guerrieri e outras.
Apesar da política intricada havia sempre boas reuniões com bailes
em casa do Cel. Jose Gomes, chefe político de grande prestigio e Intendente
Municipal. Havia também muita jogatina devido à facilidade de dinheiro
em conseqüência da alta do preço do cacau. Em vez de melhorar a posição
financeira dos lavradores, piorou bastante. O uso e abuso que faziam do credito
deixou muitos na miséria.
Tendo o irmão Chichilo seguido para a Capital, em companhia de meu pai a
fim de fazer compras para as casas de negocio, fiquei em Belmonte onde passei o
primeiro São João que foi um verdadeiro pandemônio com fogos
busca-pés sendo preciso botar areia debaixo das portas para evitar incêndios.
Sempre havia vários acidentes com mãos arrancadas etc. Nas festas
religiosas depois da novena havia os celebres leilões que as vezes por caprichos
dos contendores rendiam vários contos de réis. Era leiloeiro tradicional
o velho abatedor Lino Guimarães. Havia também a política das
filarmônicas. A 15 de setembro (maribondos) e Bonfim (Morcegos). Nós
éramos partidários desta ultima porque dela fazia parte a conceituada
família do Cel. Jose Gomes da qual sempre fomos íntimos continuando
até hoje a consideração com os descendentes desta tradicional
família da qual fazia parte um dos nossos maiores amigos o Dr. Wenceslau
de Oliveira Guimarães casado com D.Rôla. Os negócios iam correndo
bem a ponto de meu pai ir a Belmonte para abrir outro negocio. Uma loja (filial)
a Praça 13 de maio pelos patrícios apelidada Praça Calábria,
pois todos os nossos parentes Magnavita tinham negócios e residência
na dita praça. Neste novo negocio as coisas não andaram bem pelo que
meu pai resolveu acabar com a loja mandando as mercadorias para o Salto Grande divisa
de Bahia e Minas Gerais. Ali os negócios correram mais ou menos bem até
a liquidação, sendo que o saudoso Major Sabino Alexandrino Pinheiro,
homem de bem e de grande prestigio político deu hospedagem aos irmãos
Peppino e Miguel durante a estadia naquela localidade.
Os negócios da Matriz em Canavieiras e filial em Belmonte iam correndo bem.
Em principio de Janeiro de 1900 chegou também o irmão Luciano (na
foto com a mulher Hormina) que tinha ficado na Itália devido o serviço
militar. Na volta de meus irmãos de Salto Grande, meu saudoso velho resolveu
iniciar a compra de cacau em Belmonte sob a firma "Benino Magnavita &filhos"
no mesmo lugar onde tivemos loja na Praça 13 de maio por conta da firma Brahem&
Wildberg da qual era chefe o Sr.Hermano Brahem e gerente em Canavieiras da firma
que tinha a Matriz em Canavieiras, entre os quais João Lopes da Cosa Pinho
(conhecido como João Papagaio) português Carlos Muller, alemão
e seu irmão Jorge, Capitão Casemiro Barreto, Abres Albino da Costa
e outros cujos nomes não me recordo. Com o prematuro falecimento do Sr. Hemano
Brahen, essa firma foi substituída pela firma Muller&Cia da qual vieram
fazer parte mais tarde Carlito Muller irmão de Frederico Henrique Wuitrick
e Jacob Scheneider, posteriormente meu amigo e compadre, padrinho de minha filha
Olga.
No mês de agosto de 1908, preparava-me para ir em romaria a Igreja de Nossa
Senhora da Ajuda em Porto Seguro deixando meu pai em Canavieiras adoentado.Chegando
a Belmonte e conversando com o amigo João Lopes este me falou que havia sabido
da grave moléstia de meu pai (coração). O que não me
conformei julgando haver um equivoco, pois o mesmo não tinha sintomas de
moléstia do coração. Desfiz a viagem de Porto Seguro e regressei
a Canavieiras de onde telegrafei e escrevi ao amigo Alfredo Ruas para me dizer algo
sobre o assunto. O referido amigo havia apresentado meu pai ao ilustre clinico Dr.
Castro Rabelo para consulta e respectivo tratamento. A resposta foi fatal e nestes
termos: Diz Dr.Castro Rabelo, "moléstia seu pai, câncer no piloro,
infelizmente impossível salvação". Diante desta resposta
fiquei pasmado ante nada poder fazer. Meu desejo era levar o velho para a Itália.
Já agora não havia outro jeito a não ser conformar com a vontade
de Deus. Passamos uns dias em Canavieiras em companhia da velha e depois seguimos
para Belmonte onde estavam nossos interesses. Ele faleceu neste mesmo ano de 1908.
Em 1915 na Itália contrai núpcias com D. Vicentina Tosto Magnavita
filha de Domenico Tosto e Rosa Domasco que me tem sido uma companheira devotada
e encorajadora. Do consorcio possuo os seguintes 12 filhos: Profa. Maria Luigia
Magnavita Galeffi, catedrática da Universidade Federal da Bahia casada com
o prof. Romano Galeffi; Bel. Arnaldo Magnavita, advogado no Rio de Janeiro casado
com D. Christina Magnavita ; Prof. Flavio Magnavita docente da Faculdade de Filosofia;
Prof.Italia Magnavita Schaun professora da Universidade Federal de Filosofia casada
com o jornalista Raimundo Augusto Schaun; Profa. Olga Magnavita Batista Neves casada
com o Prof. Jaoquim Batista Neves, catedrático da Faculdade de Filosofia;
Licenciada Carmelina Magnavita Almeida, casada com o Dr. Luis Rodrigues Almeida
Filho; Arquiteto Pasqualino Romano Magnavita professor da Escola de Arquitetura
; Engenho Agrônomo Armando Salvador Magnavita, casado com a Sra. Silvia Spinola
Magnavita; Sr. Aloísio Décio Magnavita, casado com a Profa. Silvia
Ramos Costa Magnavita, Engenheiro Agrônomo Francisco de Paula Magnavita casado
com a Profa. Maria Jose Rebouças Magnavita; Veterinário Michele Magnavita
casado com a cantora Letícia da Silva Magnavita; Engo. Jose Maria Magnavita
casado com a Sra. Maria Muraro Magnavita. Possuo 24 netos.
Pasquale Magnavita