MARTINO PIETRO
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BENINO
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ALESSANDRO
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ERCOLE (Herculano)
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GIOVANNI (João)
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LUIGI
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árvore genéalogica
Se os homens das cavernas escreviam nas paredes
mostrando que eles existiram através dos hieróglifos,
quem somos nós para deixar de anotar em computadores
aqueles que nos antecederam.
F.R.M.N.
ERNESTO NICOLA MAGNAVITA (HORTENCIO)
pelo neto Manuel Costa Magnavita
Os Magnavitas chegaram a Canavieiras em 1891, em primeira leva, entre tios, irmãos
e primos, logo após a Lei Àurea e a libertação dos escravos
em 1888.
Chegaram com os primeiros imigrantes italianos para substituir a mão e obra
escrava e incrementar a tecnologia agrícola e cultura européia entre
os gentios, senhores de engenho, coronéis do cacau e escravocratas, entre
eles: Francesco Joseph (Chichilo), Vicentino Magnavita, Hortencio (Ernesto) Magnavita
e outros todos vieram no navio "Citta de Genova" até o Rio de Janeiro:
de Salvador para Canavieiras, via Camanu, chegaram no vapor da Bahiana cujo comandante
era Antão. Todos estes chegaram primeiro a Canavieiras e com exceção
de Hortencio e Martino (Agostino) os demais foram para Belmonte.
Em segunda leva, entre 1895 a 1898 aportaram em Canavieiras com destino a Belmonte;
Benino e seu filhos Luciano e Pasquale, Ercole (Herculano), Alessandro e o filho
Salvatore, Luigi (Luis) com os filhos Domingos e Vicente . As mulheres parecem que
vieram e voltaram para Paola. Os italianos agricultores, como eram os Magnavitas,
tinham no quadro familiar por cultura e religiosidade, a "nona" (avó)
e a "mama" (mãe). A devoção à espiritualidade
dos Santos principalmente São Genaro e Boaventura e pela ternura da presença
feminina nas decisões do lar. Os Magnavitas são descendentes de Paola,
cidadezinha no sul da península italiana que na época da imigração,
por motivos políticos, teve a sua classe de agricultores atingida pela pobreza
do descaso governamental. Os lideres da época voltaram-se para a industrialização,
seguindo o modelo Inglês e Alemão.
Magnavita é um nome composto: magna e vita que significa "grande vida"
ou "vida longa" no sentido de longevidade e não magnanimidade ou
magnatas como querem alguns. Eram camponeses cujo trabalho era um exercício
constante na em suas vidas. O vinho era um complemento alimentar e pela alegria
como uma correta atitude de vida ornada pelas belas musicas e danças ítalas.
Poucos italianos que imigraram para o Brasil vieram para o sul da Bahia.
Os Magnavitas como outros italianos destacaram-se entre os pioneiros, na firmeza
da vontade, no idealismo realizador, no esforço bandeirante e na ideologia
edificadora. Basta citar que a idade mínima para imigrar da Itália
era de 18 anos, então o caçula da família italiana Ernesto
Magnavita exatamente com 16 anos imigrou com a certidão do seu irmão,
Ercole Magnavita (Herculano) por vir desacompanhado dos seus pais e tal como Abrão
que mudou seu nome para Abraão e fundou um povo diante da tenacidade do sonho
e força da persistência. Hortencio Magnavita nasceu em 24.12.1867 morou
com a família em Canavieiras hoje com raízes em Salvador, Rio de Janeiro
e muitos outros municípios do Brasil.
Os Magnavitas junto com os Belmontes, os Paternostros, os Minervinos, os Madeiras,
os Sabinos, os Miralhas, Scovino, Sarnos, Laroca, Campana e tantos outros praticamente
fundaram Belmonte e alavancaram o progresso e o desenvolvimento de Canavieiras.
Contribuíram para novos rumos e conceitos ao estabelecimento cultural dos
Vieiras e Gentios quer pela religiosidade quer pela musica, festividades, danças,
alegria e hábitos alimentares, moda e comercio.
Como curiosidade, devo abrir um parêntese e destacar os Magnavitas e outros
demoravam por volta de 30 dias para a travessia do Atlāntico Sul. Nesse percurso
foram duramente atingidos pela cólera, devido a falta de higiene dos embarcados.
Os navios vinham com imigrantes até nos porões, não muito diferente
dos navios negreiros que trouxeram os escravos para o Brasil. Em absoluta pobreza
esses heróis ainda tiveram que sofrer a quarentena no Rio de Janeiro antes
de cada um seguir os seus destinos.
Foi nessa quarentena que Hortencio reconheceu uma menina alegre de nome Thereza,
filha dos Mattera (Madeira) com destino ao sul da Bahia em busca do ouro verde,
o cacau, enquanto a maioria seguiria para os cafezais paulistas e para a uva e vinhos
de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O sucesso dessas culturas eram mais certas
nos estados de clima frio. Thereza Madeira nascida em 1881, irmã do saudoso
João Madeira, veio muito jovem em companhia dos pais e foi registrada civilmente
como nascida na cidade do Rio de Janeiro. Como tivessem vindo da mesma cidade de
Paola é de se presumir que este casal já houvera se encontrado antes
talvez por volta dos dez anos dela e dos 16 dele que cinco anos após a pede
em casamento.
Assim em Canavieiras no dia 25.01.1892 aos 21 anos, Hortencio Magnavita filho de
Salvadore Magnavita e de dona Maria Francesca Condino de Paula na Itália
e Thereza Bela Madeira de 15 anos, filha de Salvadore Matera e de dona Philomena
Bela Madeira da cidade de Paola depois de preenchida as formalidades legais casaram-se
e constituíram família de 12 filhos: Eduardo Magnavita casado com
Morena Magnavita Ribeiro; Ernestina Magnavita Freitas casada com Otto M. Freitas;
Alzira Magnavita Menezes casada com Waldemar Magalhães de Menezes; Amélia
Magnavita de Mello casada com Augusto Mello; Antonio Magnavita casado com Valdice
Magnavita Maia; Adélia Magnavita Ribeiro(Dede) casada com Antonio Alves Ribeiro;
Alfredo Magnavita casado com Antonieta Protasio Magnavita e em segunda núpcias
com Ednair Costa Magnavita; Edith Magnavita(Didi) casada com Erico Silva; Waldemar
Madeira Magnavita(Vavá) casado com Iraci Madeira Magnavita e em segunda núpcias
com Maria de Lurdes de Araújo Magnavita ; Helena Magnavita ; Jose Magnavita
(Zezinho) casado com Stela Weber Magnavita.
Hortencio homem de ação e denodo, de coragem e visão criadora
assim que chegou a Canavieiras a par dos serviços do cacau e através
de seus irmãos na Itália, desenvolveu junto as tarefas agrícolas
a profissão de Mascate, espécie embrionária de representante
de vendas ou corretor de negócios. Fornecia entre muitos produtos de um empório
nascente: a casimira inglesa; o linho e o chapéu panamá; roupas, toalhas
de mesa e banho italianas, sapatos importados da Europa; artigos finos e de acabamento;
vendia o querosene como fonte de luz e muitos outros bens de alimentação,
vestuário e consumo.
Entre tantos serviços prestados por Hortencio Magnavita a cidade de Canavieiras
quer pela beleza exuberante e clima sedutor ainda conquistou a sua alma; o desenvolvimento
comercial; o fortalecimento do porto; a construção dos velhos sobrados
do porto que hoje constituem a beleza e atração da cidade histórica
força tarefa herdada por seu filho Antonio Magnavita; o melhoramento da agricultura
do cacau e o esforço para armazenamento e melhorias para exportação;
armazéns na zona do cais do porto. A herança do trabalho agrícola
coube ao filho Eduardo Magnavita. O comercio de roupas, sapatos, secos e molhados
coube aos filhos Jose e Alfredo Magnavita. O estudo e a formação em
medicina foi tarefa do filho Waldemar que reside no Rio de Janeiro. As mulheres
em numero de sete, seguiram o curso Normal tornando-se professoras e depois o curso
Universitário principalmente para Amélia Magnavita Mello respeitada
e conhecida em Salvador como mestra qualificada e do mais alto porte humanitário.
Hortencio como capacidade comercial, educacional e visão européia
colaborou junto ao Dr. Antonio Salustiano, intendente, político de prestigio
e força para propor os sepultamentos no Cemitério Público fundado
em 1892. Esse cemitério sofria a concorrência do Cemitério da
Irmandade Cristã desprezado em virtude da crença religiosa do corpo"guardado"
junto a igreja para facilitar a ressurreição quando da volta de Jesus.
O que ele pretendia era evitar o risco de cólera e do mau cheiro que cercavam
as igrejas e suas capelas.
Hortencio não se dedicou à política, porem, gozava de prestigio
e força junto aos intendentes e políticos locais. Ele influenciou
as autoridades para a construção da cadeia pública em 1900
e o belo prédio onde se instalou a Biblioteca Municipal.
Hortencio enquanto homem de negócios, mesmo jovem e recém chegado
contribuiu e auxiliou a construção do magnífico prédio
da Prefeitura levado a cabo pelo Dr. Salustiano Viana em 1899. Auxiliou na administração
municipal para anular o antagonismo dos adversários e críticos locais
que o classificavam como "obra-faraonica". Sempre em busca da higiene
como prevenção da saúde lutou para melhoria e construção
de um matadouro moderno.
Hortencio entre muitos, de 1912 a 1932 contribui com esforço e recursos para
a construção da Igreja Matriz de São Boa Ventura. O Santo Padroeiro
de Canavieiras é também Italiano.
Meu pai Alfredo Magnavita retrata o amor de Hortencio por Canavieiras como seu torrão
natal de coração. Com uma caligrafia elogiada por todos Alfredo respondia
as cartas de meu Avô como verdadeiro escrivão. As cartas vindas da
Itália, a maioria de sua mãe que escrevia mensalmente, rogavam seu
retorno a Paola entre lagrimas e soluços. Ele era o filho caçula,
o filho da velhice, o grande amor do coração da "mama" Maria
Francesca que o queria de volta. No final de sua vida D. Maria Francesca sentou-se
numa cadeira em frente à porta dizendo que havia sonhado com o filho retornando
devido a tanta saudade e desejo de rever o seu "bambino". Hortencio jamais
retornou a Itália porque fincou raízes em Canavieiras, a viagem era
longa, perigosa e cara. D. Maria Francesca Condino morreu sentada em uma cadeira
em frente à porta da rua de sua casa que por exigência dela, não
era fechada em nenhuma hora do dia ou da noite haviam meses, na espera da volta
do filho. Este fato ficou registrado na cidade como "o afetivo coração
da mama de Paula".
Hortencio Magnavita faleceu em 14.5.1947 cuja lapide se encontra em Canavieiras
e quase um ano depois, Thereza em 24.6.1948.
(Na foto última alguns descendentes do Ernesto-Hortencio)