Raphael Tosto nasceu em Paola, região administrativa da Calábria,
sul da Itália no dia 19 de setembro de 1900, filho de Domenico Tosto e Rosa
Damasco Tosto que tiveram 6 filhos: Vicentina, Vincenzo, Raphael, Silvio, Mário
e Adriano Tosto.
Domenico Tosto esteve no Brasil pela 1ª vez em 1889 quando da Proclamação
da Republica e depois retornou a Itália. Em 1913 voltou ao Brasil com Raphael,
desembarcaram em Manaus-AM onde montou uma pequena fábrica de sapatos e ficou
até 1917, é quando Raphael vem para a Bahia, exatamente para Belmonte
a convite do cunhado Paschoale
Magnavita. Teve
aulas da língua portuguesa com o professor Lucio Coelho e foi trabalhar numa
empresas de suíços, Wildberger como classificador de cacau.
Em 1921 Raphael foi convidado a assumir interinamente a gerência da Empresa
Wildberger até que viesse da Suíça um novo gerente, e ai ficou
por um período de 12 anos. Apenas com o 3º ano primário, mas desenvolveu
através da leitura considerável nível de conhecimentos gerais,
já Vicentina e Adriano se formaram na Itália. Na Calábria,
Domenico trabalhava na agricultura, em pequena propriedade, junto com os filhos.
No Verão produziam salame, lingüiça, pernil defumado e extraiam
azeite de oliva, esses produtos eram estocados para serem vendidos no inverno e
para sustento da família. Além das atividades do campo, aprendiam
outros ofícios, Raphael aprendeu a arte de sapateiro, Mário de carpinteiro
e Vincenzo era radiotelegrafista.
Em 1926 no Brasil se casa com Itália Magnavita Storino, filha de Salvatore
Storino e teve duas filhas: Norma e Dina.
Após os 12 anos como gerente, deixa as Empresas Wildberger e monta uma nova
Empresa compradora de cacau com os sócios Paschoale, Cicillo e Michello Magnavita
- a Magnavita & Cia.
Ficando viúvo muito cedo, em 1935 casa-se novamente com Maria Mendes Tosto
e teve os filhos: Alberto, Milton, Edda, Rafael, Agnaldo e Marisa.
Em 1936 compra as outras cotas da Magnavita & Cia e cria a Rafael Tosto & Cia, a
partir daí passa a investir em roças de cacau e pecuária (chegou
a possuir 1.200ha), loja de tecidos, farmácia, armazém e fabrica de
manteiga.
Costumava viajar muito pelo Rio Jequitionha com o pesquisador Gregório Bondar,
que realizava estudos sobre a renovação do cacau, através do
corte de brotos, o que era uma novidade para a época. Viajou também
acompanhando um médico sanitarista em trabalhos com as populações
ribeirinhas na década de 1930.
Família tradicionalmente católica, os Tosto tinham em casa imagens
de santos, principalmente a imagem de São Francisco de Paola, o santo da
devoção. Vicentina tinha uma capela em sua casa onde costumava mandar
rezar a missa.
O prato principal à mesa ainda é a tradicional macarronada, a polenta,
inhoque e também feijoada com carne de porco, esta última vem da influência
latina. Sempre os almoços de domingo ouvindo uma boa música italiana.
A tradição era a mesa farta, filhos tomado banho, bem vestidos e calçados.
Também era costume participarem de atividades sociais, tanto em Belmonte
como em Itapebi, principalmente em casa de patrícios: Paternostro, Magnavita,
Burlachini e Rocchigiani.
Com a chegada de novos italianos da Calábria da família Tosto e da
Magnavita, muitas atividades comerciais e agrícolas foram no distrito de
Pedra Branca, posteriormente municipalizando com o nome de Itapebi, principalmente
pelos esforços de Silvio Tosto.
Em 1940 Rafael foi detido em Salvador no período da 2ª guerra mundial,
como suspeito de espionagem em favor dos nazi-fascistas, porque em Belmonte era
a única pessoa que tinha rádio amador e costumava ouvir noticias da
Europa em Italiano. Nada ficou comprovado e foi liberado.
Em 1965 deu baixa nos negócios em Itapebi e residiu definitivamente em Salvador,
onde Maria e alguns filhos já residiam desde 1948. Montou uma Empresa comercial
com o filho Agnaldo e o genro José Nilson Santos Pereira, onde ainda permaneceu
nas atividades até 1978 quando foi se afastando paulatinamente. Em 25 de
dezembro de 1990 faleceu com 90 anos.
Soraya Tosto (bisneta do Rafael)